Conto erótico - Um Pedacinho de Paraíso Chamado Sugador - Carnelian

Conto erótico - Um Pedacinho de Paraíso Chamado Sugador

UM PEDACINHO DE PARAÍSO CHAMADO SUGADOR 

 

– Alô?  

– Mariana? Chegou uma encomenda para você. Está aqui na portaria. 

– Okay, já desço para pegar. 

“Que estranho! Não lembro de ter comprado nada pela internet nos últimos dias.. Aliás, os últimos dias apenas foram… terríveis. Sinto que abria os olhos, acordava, ia trabalhar, voltava para a casa apenas no automático. Como seguir vivendo minha vida sem ele?”, pensava Mariana, ao lembrar do término traumático com Thiago há exatamente três semanas. 

Haviam se conhecido no cursinho pré-vestibular. Ela lembra exatamente a primeira vez que o viu chegar super atrasado na primeira aula de Química do ano. Todos já estavam sentados em suas carteiras, o professor falava sobre a indivisibilidade do átomo e, do nada, eis que um deus de outro planeta abre a porta da sala. 

Era alto, usava de óculos de aro fino vermelho e redondo, tinha um cabelo black power imponente. Estava um pouco esbaforido. Talvez tenha corrido para não perder o metrô. Ou estava vindo do trabalho?  

“Comecei a sentir muito curiosidade para saber mais daquele ser. A carteira na cor verde agua, encostada no lado direito da sala, ao meu lado, era o único lugar vazio na sala. E meus olhos o seguiram até ali. Não demorou muito para começarmos a conversar. Descobrimos que tínhamos muitas afinidades, principalmente de filmes. 

“– Já viu Antes do Amanhecer? 

“–  Claro! Eu amo essa trilogia! 

“– Que foda!  

“E foi assim que engatamos numa paixão louca que… bem, durou cinco anos.” 

Mariana não estava acostumada a dizer aquelas palavras, mesmo em pensamento. Durou. Quer dizer que o que houve um dia acabou. Tais verbos eram bruscos demais para definir o que viveram: durou, terminou, acabou… Verbos no passado que não necessariamente refletiam o presente sentimento. Thiago ainda estava ali, presente, em sua mente. 

“Ele era diferente dos meus outros namorados. Quando transávamos o tempo parecia multiplicar-se em proporções geométricas e uma hora pareciam três. Enquanto conversávamos ele me olhava no fundo dos meus olhos – atitude  que com frequência me constrangia. Era quando eu o interrogava: 

“– Ei, você ainda está aqui? 

“– Estou sim, meu amor, é que gosto de te olhar, te imaginar nua e pensar que sou o homem mais sortudo da terra ao ver tanta beleza na minha frente – e enquanto tais palavras saíam de sua boca, seus dedos apertavam minhas mãos e eu sentia um arrepio que era apenas um prelúdio do que estava por vir.” 

Mariana abre a porta do seu apartamento, girando a chave para o lado esquerdo. No corretor do prédio de paredes cinzas, aperta o botão vermelho para chamar o elevador. 

“Ele então alcança minha boca lentamente e seu beijo molhado me liquefaz em segundos. Suas mãos percorrem minha nuca segurando-a firmemente, enquanto sinto aqueles lábios quentes descerem em direção ao meu pescoço, dando pequenas mordidinhas nele. Suas duas mãos grandes agarram minha cintura com agilidade e vão subindo devagar por baixo do meu cropped azul para, por fim, chegarem aos meus seios pequenos. Sentia seus polegares massageando meus mamilos, que fizeram questão de denunciar como que eu estava me derretendo por aquele homem.” 

O elevador chega. PLIM. Mariana entra e aperta o botão T. Tesão? Não, térreo. 

“Ele levanta minha blusa vagarosamente. Quando passa por meus olhos, ele a deixa ali, formando uma venda e sussurra no meu ouvido ‘Mari, sua gostosa!’. Arranca-a de vez e a joga em algum lugar do sofá, me beija outra vez. Depois, chupa devagarinho meus peitos e fico cada vez mais molhada. Seus dedos compridos e de pontas arredondadas descem para minhas coxas. Contorno com meus dedos seus lábios carnudos para depois beijá-los ainda mais forte e com mais vontade.” 

Mariana se olha no espelho do elevador. Olheiras fundas, cabelo desarrumado, camiseta branca amarrotada da banda Vanguart, que ele tinha comprado para ela no show que foram há quatro anos. Tudo lembrava Thiago. Inclusive o vazio de estar em casa numa sexta-feira à noite sem qualquer ânimo de sair.  

“Olhei para o meu dedo em seus lábios. Até que senti seus dedos em meus lábios… os de baixo. E deixo que transborde todo o meu oceano apenas para ele. O toque, inicialmente carinhoso, passa pela minha vulva de cima para baixo. Alcança minha bunda e a molha também. Quero que ele se encharque com meu corpo. Puxa minha calcinha vermelha com ambas mãos. Sinto a renda percorrer minhas coxas e... fico louca de tesão. Gemo baixinho e ele começa a beijar minha barriga, meu umbigo e vai descendo. Beijos quentes, beijos molhados. Sua saliva nada em meu monte de vênus. Sua saliva, meu oceano.” 

PLIM.  

Elevador chega ao T, de térreo. Mariana toma um susto com o barulho da porta que interrompe seus devaneios. Olha novamente para sua figura no espelho. Será que seu corpo será capaz de sentir tudo aquilo que ela sentiu com Thiago? Foram cinco anos de conversas. Cinco anos de risadas. Cinco anos, sim, de fodas maravilhosas. Como ela vai acostumar com a vida sem ele? 

Saiu do elevador a passos largos e andou até a portaria do prédio.  

– Aqui está, Mariana. 

– Muito obrigada, seu Antônio. 

Era uma caixinha normal dessas papelão pequena, leve. O que poderia ser? No verso, apenas dizia meu nome e endereço. 

Entrou novamente no elevador. Um pouco melancólica por toda a lembrança das noites vividas com o Thi. E lembrar das noites e dos dias e das tardes de sexo que haviam cessado nas últimas três semanas. Há três semanas, numa sexta-feira, eles diziam adeus um para outro. Ele foi morar no interior, ela continuava na cidade ainda cursando faculdade. Ambos diziam não aguentar um relacionamento à distância. Foi melhor para todo mundo, assim pensavam com seus cérebros racionais. Mas o corpo, esse parecia não entender essa lógica. A dor que sentia pela falta dele era quase palpável. 

Quando chegou no décimo quinto andar, seu andar, saiu, abriu a porta, pegou um estilete e cortou a encomenda de papelão. Dentro, havia outra caixinha menor rosa com uma embalagem que dizia: Satisfyer Pro. 

– Nossa, não acredito! 

Mariana reparou que no fundo da caixa havia um cartão. 

 

Amiga,  

Não aguentamos mais te ver triste por ele. Então pensamos em te presentear com essa pequeno pedacinho de Paraíso. Hahaha.  

Das suas amigas safadas, 

Bia e Leia. 

 

– Ai, que safadas! Hahaha… mas, nossa, será que estou transparecendo meu sofrimento tanto assim?  

Mariana já tinha ouvido falar do famoso sugador de clitóris em várias rodas de conversas entre mulheres nos bares da vida, mas de fato nunca tinha experimentado. Nem mesmo tinha curiosidade. Momentos sozinhas eram bem raros quando ela morava com Thiago. Estavam o tempo todo juntos. Por isso nunca havia tentado. 

– Talvez agora seja o momento ideal para usar! –, pensou. 

Toda aquela lembrança trazia, ao mesmo tempo, um ar de tristeza, mas também excitação. Eram muitos detalhes que mexiam com sua cabeça. Deitou-se no sofá. Tirou a calcinha. Ligou o sugador. O barulhinho era leve, quase imperceptível. Testou primeiro em seu braço. Era uma sensação de formigamento semelhante a uma massagem bem sutil. Sentiu pequenos arrepios no pelo. Depois botou no mamilo e foi bem gostosinho. Eles ficaram durinhos quase que imediatamente. Respirou fundo e tentou senti-lo no clitóris.  

– É, não sei se sinto muita coisa. Que estranho, não tô sentindo naaaaaaaaaa….. opa! 

Apenas alguns segundos se passaram para que Mariana sentisse ondas de prazer invadindo todo o seu corpo. 

– Ui, ai, que gostoso, puta que pariu! 

Seus olhos reviraram. Olhava para teto, olhava para os lados. Fechava os olhos, franzia o cenho numa expressão que misturava dor e prazer. Seu coração já batia mais forte. 

Pensou no corpo de Thiago. Seu peitoral, sua barriga com músculos aparentes, seus braços fortes e tatuados. Com um toque, aumentou a velocidade do sugador.  

– Ahh Ahh Ahh… 

Começou a gemer baixinho. Sua respiração mais ofegante. Aumentou novamente a velocidade. Sentia cada vez mais prazer. Seu corpo começou a fazer movimentos involuntários. Subia e descia a pélvis. Movimentava o sugador que era bastante fácil de segurar, tentando acompanhar o ritmo.  

Lembrou-se do seu beijo. Lembrou-se do suor escorrendo de sua testa quando ele a penetrava com muita determinação. 

– Caralho, não vou aguentar! 

Aumentou a velocidade do sugador e então… experimentou um pedacinho do Paraíso! 

– AAAHHH… 

Seu grito de gozo foi estridente, quase catártico. Jogou para o universo tudo o que sentira nas últimas três semanas. Foi um orgasmo diferente de tudo o que havia sentido até aquele momento. Fechou os olhos e adormeceu. 

TRIM, TRIM. 

Acordou subitamente. Era o interfone tocando. 

– Mariana, está tudo bem aí? 

– Está sim, seu Antônio, por quê? 

– É que o vizinho do catorze ouviu uns gritos estranhos… 

– Ah, er… é que... topei o mindinho na mesa, só isso! 

– Tudo bem, então. Qualquer coisa, avise! 

Ela não podia acreditar que seu berro de gozo tinha sido tão alto! E começou a se lembrar da sensação de tudo aquilo. Não sabia que seu corpo estava tão vivo daquele jeito. Seria um corpo novo? Um corpo que nas últimas três semanas parecia estar apenas… sobrevivendo. Mas que agora ainda era capaz de sentir. Um corpo que quer sentir outros corpos, que quer viver, que quer experimentar, que quer viajar, que quer mais... da vida. 

E, depois daquela sexta-feira, Mariana teve a certeza de que seu corpo estava mais vivo do que nunca e que ainda podia sentir prazer.  

Um prazer recém descoberto, um prazer só seu. 

 

 

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